Tema 3- Perspectiva dialógica das Interacções

A TUTORIA

NORMATIVOS



O tutor é a figura que monitoriza a actividade do aluno e regula a sua aprendizagem. A implementação de sistemas de tutorias nas nossas escolas, confrontadas com uma significativa heterogeneidade cultural e social, é crucial. Em matéria legislada, o apoio em tutoria está previsto desde 1993, através do Despacho 178-A/ME/93, que definia que o apoio pedagógico podia revestir a modalidade de tutoria, ideia posteriormente recuperada pelo Despacho Normativo nº 50/ 2005 e pelo Decreto-Lei nº 75/ 2008 (22 de Abril).

COMPETÊNCIAS ATRIBUIDAS AO PROFESSOR TUTOR



- Desenvolver medidas de apoio aos alunos, designadamente de integração na turma e na escola e de aconselhamento e orientação no estudo e nas tarefas escolares;
- Promover a articulação das actividades escolares dos alunos com outras actividades formativas;
- Desenvolver a sua actividade de forma articulada, quer com a família, quer com os serviços especializados de apoio educativo, designadamente os serviços de psicologia e orientação e com outras estruturas de orientação educativa.

Pede-se ao professor tutor que dê um acompanhamento mais atento e mais próximo a um aluno ou a um grupo de alunos. Essa tarefa só pode obter sucesso se ele souber definir bem as prioridades e promover um trabalho de cooperação com todos quantos nele devem ser envolvidos. É também fundamental que ele consiga estabelecer empatia com o(s) aluno(s) a seu cargo, sem com ele(s) e com os seus problemas se identificar, já que muitas vezes a carga emocional se torna demasiado pesada.

DIFICULDADE E PERFIL DO TUTOR


A boa vontade e o voluntarismo com que os professores se entregam pode não ser suficiente para se alcancar os objectivos pertendidos com a tutoria. O primeiro grande problema que se coloca é a formação insuficiente. O segundo é o perfil do professor tutor. Nem todos temos perfil para sermos tutores e um professor que não se enquadre nesse perfil, por mais que tente estará condenado, o seu trabalho, ao fracasso e consequente desânimo. A designação por parte do Director do professor tutor deverá ter em conta os seguintes aspectos:

- Ser professor da turma;
- Ser docente profissionalizado no mínimo com cinco anos de experiência ou ter formação específica na área;
- Ter facilidade em relacionar-se, nomeadamente com os alunos e respectivas famílias.
- Ter capacidade de negociar e mediar em diferentes situações e conflitos.
- Ter capacidade de trabalhar em equipa.
- Não deve acumular as funções de tutor e Director de Turma.

É também necessária uma grande colaboração entre todos os serviços e recursos que possam estar envolvidos, quer sejam da escola (o Serviço de Psicologia e Orientação, os professores do Ensino Especial, a sala de estudo, os clubes, os animadores de recreio), quer sejam exteriores a ela (o Instituto de Reinserção Social, os Centros de Saúde locais, etc.). Sempre que for possível, a colaboração da família é também de vital importância. Dentro da escola é preciso envolver, em primeiro lugar, o conselho de turma. Os restantes serviços e recursos a envolver serão selecionados conforme as características de cada caso.



EXPERIÊNCIA PESSOAL


Durante o meu percurso como professor passei por 4 escolas diferentes (uma em regime de acumulação de funções) e em 2 delas existia a figura do professor tutor. Uma delas era pública outra é uma escola profissional privada. Na escola profissional existiam algumas situações de dificuldades de integração na escola ou na turma, principalmente por parte dos alunos cabo verdianos que frequentavam a escola e comportamentos perturbadores, nas aulas e nos diferentes espaços da escola. Na turma a que leccionava aqueles miúdos eram terríveis, só estavam bem a fazer asneiras e faltavam imenso e as tuturias revelaram-se muito positivas para com estes, a meio do ano lectivo tornaram-se alunos muito mais calmos, compreensivos, o seu linguajar tornou-se mais adequado ao contexto escolar e passaram a faltar muito menos.
A figura do tutor na escola pública onde leccionei existia para os alunos que frequentavam os cursos CEF e Profissionais e também aqui as tutorias revelavam-se eficazes. Esta escola previa no ser Regulamento Interno a existência do professor tutor e no artigo 71º indicava qual o perfil do mesmo bem como o perfil do aluno tutorado.
Perante a minha experiência o papel do professor tutor é fundamental na integração e na superação das dificuldades que os alunos tuturados pois ele vai apoiar individualmente e de uma forma diferenciada alunos que apresentam problemas sociais e/ou comportamentais, bem como cognitivos.


REFLEXÃO


A evolução escolar em Portugal levou a que o ensino deixasse de ser de elites e passa-se a ser de massas. Hoje em dia chegam à escola alunos de diferentes culturas, etnias, etc… As desigualdades situam-se nos domínios social, cultural, económico e até de saúde. As discriminações positivas são tentativas de solucionar a discriminação negativa com que os menos favorecidos chegam à escola. É nesse contexto que surge a figura de professor tutor. São diversas as situações em que se faz sentir a necessidade de um aluno ser acompanhado por um professor tutor, tais como: dificuldades de integração na escola ou na turma; comportamentos altamente perturbadores, nas aulas ou noutros espaços da escola; grandes necessidades educativas especiais.Exercer as funções de professor tutor não é fácil, pois são inúmeras as dificuldades com que este se depara, nomeadamente a falta de formação, a necessidade de encontrar estratégias de intervenção adequadas a cada situação, procurar envolver o máximo de recursos possível quer sejam da escola ou do exterior bem como a família, pois a colaboração desta é de vital importância. Para que o desempenho de tão importante função se revista de sucesso é necessário que o professor seja capaz de saber muito bem definir prioridades e promover um trabalho de cooperação com todos quantos nele devem ser envolvidos. É também fundamental que ele consiga estabelecer empatia com o(s) aluno(s) e inteirar-se por completo dos seus problemas.

Tema 2: Abordagem Comunicacional das Relações Interpessoais

INTERACIONISMO SIMBÓLICO

O interacionismo simbólico é uma abordagem sociológica das relações humanas que considera de suma importância a influência, na interação social, dos significados bem particulares trazidos pelo indivíduo à interação, assim como os significados bastante particulares que ele obtém a partir dessa interação sob sua interpretação pessoal.
Segundo a proposição de Hegel, por exemplo, e de outros filósofos que escreveram sobre a linguagem, o mundo simbólico só se constroi por meio da interação entre duas ou mais pessoas e, portanto, o simbolismo não é resultado de interação do sujeito consigo ou mesmo de sua interação com um simples objeto. Apesar de ser um sentido individual e uma base para todos e quaisquer sentidos que cada um dá às suas próprias ações, ela é fundada nas interações do individuo, ou naquilo que o "eu" faz sendo regulado pelo que "nós" construímos socialmente.
Mead foi um dos principais interaccionistas na tradição primitiva, de facto ele é considerado também como o arquiteto do interacionismo simbólico, ele concebe a sociedade humana fundamentada na base do consenso, de sentidos partilhados na forma de compreensões e expectativas comuns. A interação é elemento constituinte das formas de comportamento, e a natureza dos objetos do mundo social é simbólica. O ser humano é sujeito e agente, pois interpreta e simboliza. Mead fundamenta-se na convergência sociedade- individuo na comunicação e na tríade sociedade-individuo-mente como fundantes do ato social. A mente é a capacidade humana de aprender e usar símbolos. Tal capacidade possibilita a comunicação, baseada em uma linguagem com significados convencionados em um código.
Sendo assim, Mead considerou o ato de pensar como uma resposta interior a símbolos autodirigidos. A natureza da mente é social, uma vez que surge do processo social de comunicação.


INTERACIONISMO NA ESCOLA DE PALO ALTO


Os autores da escola de Palo Alto definiram os axiomas de comunicação.
- 1º Axioma: Não se pode não comunicar: Numa situação de interacção, todo o comportamento humano tem valor de mensagem. A unidade da comunicação é, assim, o comportamento, o qual constitui uma mensagem. Uma série de comportamentos (mensagens) interpessoais é uma interacção. Os padrões de interacção constituem unidades de comunicação de nível superior. Dado que todo o comportamento é comunicação, a mensagem não pode ser monofónica, mas é constituída de um complexo ou conjunto fluido e multifacetado de numerosos modos de comportamento: - Verbais, Gestuais, Contextuais, Tonais, Posturais, etc... Estes comportamentos, no seu conjunto, condicionam reciprocamente os seus significados. Uma propriedade básica do comportamento humano é que ele não tem oposto não existe um não comportamento, pois um indivíduo não pode não se comportar. Logo, é impossível ao indivíduo não comunicar. Os autores de Palo Alto consideram, portanto, que todo o comportamento é comunicação e toda a comunicação afecta o comportamento defendendo a impossibilidade de não comunicar.

- 2º Axioma: A comunicação tem um conteúdo e uma relação, sendo esta uma metacomunicação: Um acto comunicativo não se limita a transmitir informação – conteúdo – mas, simultaneamente, também impõe um comportamento ao destinatário – relação. O conteúdo de uma mensagem pode consistir em qualquer coisa que é comunicável, independentemente de a informação ser verdadeira ou falsa, válida, inválida ou indeterminável. A relação refere-se à espécie de mensagem e como deve ela ser considerada, portanto, em última instância, refere-se às relações entre os agentes comunicantes. Assim, o conteúdo transmite os "dados" da comunicação ao passo que a relação indica a forma como a mensagem deve ser entendida.


- 3º Axioma: A natureza de uma relação depende da pontuação das sequências comunicacionais: Para um observador externo, uma interacção entre agentes comunicantes pode ser vista como uma sequência ininterrupta de mensagens. Contudo, cada participante da interacção introduz sempre uma "pontuação da sequência de eventos", que nem sempre é coincidente com a do outro participante. A "pontuação" organiza os eventos comportamentais (logo, comunicacionais) e, portanto, é vital para as interacções em curso (definindo as contribuições de cada participante ou como Estímulo ou como Resposta, unidades comportamentais definidas no âmbito da Psicologia behaviourista). Em consequência, a discordância sobre como pontuar a sequência de eventos provoca conflitos quanto às relações. Por norma, o erro dos parceiros advém da própria crença de que todas as interacções têm de facto um começo e de que a pontuação da sequência é sempre possível.


- 4º Axioma: Os seres humanos comunicam digital e analogicamente: Na comunicação humana, podemos representar as realidades ausentes de duas maneiras:


- Através de um símbolo que tenha com a realidade que representa uma relação de analogia, mantendo um resquício de semelhança com ela – comunicação analógica;
-Através de um signo linguístico (ou não), instituído de forma convencional, que, portanto, mantém com a realidade que representa uma relação totalmente arbitrária – comunicação digital.

A principal diferença entre ambas consiste, portanto, na analogia vs. arbitrariedade:
Quando usamos um símbolo (comunicação analógica) para referir uma realidade, a relação entre esse símbolo e o seu referente é analógica;
Quando usamos um signo linguístico (comunicação digital) para referir uma realidade, a relação entre a palavra e o seu referente é arbitrária.

Na comunicação analógica usamos palavras enquanto sinais arbitrários organizados de acordo com as regras da língua natural da comunidade a que pertencemos; essas regras atribuem-lhes determinadas convenções semânticas.
Fora dessas convenções, não existe correlação entre o sinal linguístico e o seu referente, com excepção para as onomatopeias, que não são significativas. Pelo contrário, na comunicação analógica existe verdadeiramente algo de específico, de natural, entre o símbolo de que nos servimos e o objecto representado por esse determinado símbolo. A comunicação analógica tem relações mais directas com aquilo que é representado. A comunicação analógica tem as suas raízes em períodos mais arcaicos da evolução humana e, portanto, tem uma validade mais geral que a comunicação digital, que é mais recente e abstracta.

No âmbito da comunicação humana, praticamente toda a comunicação não verbal é analógica, englobando:


-Movimentos corporais;
-Inflexões da voz;
-Quaisquer outros indícios dos contextos em que ocorrem as interacções.
-Mímica;
-Sucessão, ritmo e entoação das palavras;


Embora a comunicação digital tenha sido fundamental para o desenvolvimento das civilizações humanas, no importante aspecto relacional, o Homem depende sobretudo da comunicação analógica:


-A comunicação digital é importante no que toca à troca de informação sobre os objectos com vista à transmissão do conhecimento…
mas:
-A comunicação analógica é mais eficaz para assinalar intenções e indicações de humor e para, assim, definirmos a natureza das nossas relações.
Assim, dos dois níveis a que funciona a comunicação humana:
-O conteúdo propriamente dito tenderá a ser transmitido no modo digital;
-A relação entre os agentes comunicantes, que consiste em elementos que indicam a forma como deve ser entendida uma mensagem, será preferencialmente transmitida de forma analógica.


5º Axioma: As permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares: As interacções humanas podem caracterizar-se pela:


-Simetria;
-Complementaridade;
… conforme a relação entre os agentes se baseie na igualdade ou na diferença.
Na interacção simétrica, os agentes tendem a reflectir o comportamento um do outro; a interacção caracteriza-se pela igualdade e minimização da diferença.
Na interacção complementar, o comportamento de um parceiro complementa o do outro, maximizando-se a diferença.


A relação complementar admite, assim, duas posições:


-Uma posição superior, detentora de poder;
-Outra posição inferior, de subordinação.


Qualquer uma destas posições pode ser:


-Objecto de negociação por parte dos agentes;
-Imposta pelo contexto social ou cultural;

TEMA 1 - Debate sobre Relações Interpessoais;

Teorias das Relações Interpessoais:

A) Teoria do Reforço;

B) Teoria da Troca Social;

C) Teoria da Equidade;

D) Teoria da Atribuição;


A)Teoria do Reforço - Desenvolvida inicialmente pelo psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner (considerado como um dos pais da psicologia comportamental), a Teoria do Reforço, conclui que as acções com consequências positivas sobre o individuo que as pratica tendem a ser repetidas no futuro, enquanto o comportamento que é punido tende a ser eliminado. As consequência são positivas sempre que as pessoas sentem prazer com a sua própria performance. Segundo esta teoria, o comportamento das pessoas pode ser influenciado e controlado através do reforço (recompensa) dos comportamentos desejados e ignorando as acções não desejadas (o castigo do comportamento não desejado deve ser evitado na medida em que tal contribuiria para o desenvolvimento de sentimentos de constrangimento ou mesmo de revolta). Skinner defende mesmo que o comportamento das pessoas pode ser controlado e enformado por longos períodos de tempo sem que estas se apercebam disso, inclusivamente sentindo-se livres.
Uma técnica defendida por Skinner é a modificação do comportamento organizacional que consiste na aplicação da Teoria do Reforço aos esforços para a mudança nas organizações e assenta em dois princípios basilares: primeiro as pessoas actuam da forma que acham mais gratificante e recompensadora; segundo, o comportamento pode ser influenciado e determinado pela gestão das recompensas a ele associadas.


B) Teoria da Troca Social: é uma teoria econômica social que parte do pressuposto de que as relações humanas são baseadas na escolha racional e na análise de custo-benefício. Se os custos de um dos parceiros passa a superar seus benefícios, a outra parte pode vir a abandonar a relação, especialmente se houverem boas alternativas disponíveis.


C) Teoria da Equidade: focaliza a relação dos resultados para os esforços empreendidos em relação à razão percebida pelos demais, existindo assim a EQUIDADE. Porém quando essa relação resulta em um sentimento de desigualdade, ocorre a INEQUIDADE, podendo esta ser negativa, quando o trabalhador recebe menos que os outros e positiva, quando o trabalhador recebe mais que os outros. Se alguma dessas duas condições acontecem, o indivíduo poderá comportar-se da seguinte forma:
- Apresentará uma redução ou um aumento em nível de esforço;
- Poderá fazer tentativas para alterar os resultados;
- Poderá distorcer recursos e resultados;
- Poderá mudar de setor ou até de emprego;
- Poderá provocar mudanças nos outros;
- E por fim, poderá trocar o grupo ao qual está a ser comparando.
A equidade é subjetiva: o que pode parecer justo para o superior, pode não parecer justo para o subordinado, por isso, a maior importância recai sobre o que o ambiente percebe com justo e não sobre o que o "gerente" acredita ser justo.


D) Teoria da Atribuição: preocupa-se com as modos pelos quais as pessoas explicam ou atribuem o comportamento dos outros. A teoria divide o modo como as pessoas atribuem causas aos eventos em dois tipos que são as atribuições externas ou "situacionais" dão causalidade a um factor externo, tal como o clima e atribuições internas ou "disposicionais", que dão causalidade à factores internos ao indivíduo, tais como habilidade ou personalidade.

EXPLORAÇÃO DE CONCEITOS

Situação de Aceitação: aceitação manifesta-se no reconhecimento do valor do outro e no respeito pela diferença, implica olhar e ouvir, dar atenção, compreender o ponto de vista do outro, praticar a empatia. A reciprocidade na aceitação constitui um verdadeiro ideal ético para as relações humanas: aceito o outro e o outro aceita-me, comunicamos e crescemos em conjunto, mantemos as nossas singularidades e pontos de vista, mas dialogamos e mudamos em conjunto.


Situação de Reciprocidade: O processo ensino-aprendizagem constitui um processo de reciprocidade, pois hoje em dia pretende-se que cada aluno seja construtor do seu próprio saber, assumindo uma postura activa na aprendizagem e em que o professor assume um papel de orientador das actividades e promotor da busca do saber. Apesar da Escola assumir um papel privilegiado no processo de formação integral dos alunos, precisa de estabelecer laços estreitos com os Encarregados de Educação, implicando-os nesse mesmo processo. É neste contexto de trabalho cooperativo que a reciprocidade torna as relações interpessoais frutíferas.

Situação de Afiliação: A afiliação é um aspecto básico do comportamento humano, cujas variáveis fundamentais são a dependência de ajuda ou de referência (Neto, 2000:143). O processo de afiliação promove uma integração social, assim como concede o sentimento de sermos competentes e estimados, de entreajuda e de co-responsabilidade uns pelos outros (Neto, 2000:145,146).
Neste processo de afiliação criam-se relações de interdependência, condição essencial da vida social, na medida em que o ser humano faz parte de uma rede de conexões que coloca cada pessoa em dependência recíproca das demais. “Descobrindo o outro, descobre-se a si próprio”, na autonomia e na dependência, ou seja, na interdependência (Prette & Prette, 2007:219). A afiliação poderá realizar-se através de pequenos gestos de cada um de nós, reduzindo a potencialidade do conflito inerente à revolta de não se ser amado e reconhecido como ser humano.


Situação de Rejeição: A rejeição é o oposto da aceitação. A rejeição impede a socialização por parte de quem é “rejeitado” e, até, pode levar a que o mesmo reflicta essa rejeição ao nível das suas atitudes face a todos aqueles com quem se interrrelaciona. O mais frequente é acabarem por eles próprios revelar comportamentos menos amigáveis e afectuosos, assumida como uma forma de auto-defesa. Em casos de total rejeição por parte do grupo de pares, como acontece em meio escolar, é frequente adoptarem o isolamento, presente numa das quatro funções humanas que as atitudes envolvem, porque consciencializados da sua impopularidade e, como resultado dessa rejeição, o seu desempenho escolar seja marcado pelo insucesso.


Situação de Interdependência: A interdependência é um conceito cujo âmbito de estudo teve início na Psicologia e que aparece associado à necessidade de filiação, instinto gregário, desejabilidade social e atracção interpessoal (Del Prette e Del Prette, 2007: 217). Ela é um dos traços essenciais do ser humano que, só se realiza plenamente na interacção com outros, num sistema de relações que lhe possibilita a descoberta da sua singularidade e a actuação de criação conjunta de si e dos sistemas em que se encontra incluído. Numa análise mais profunda, pode considerar-se que a interdependência se torna condição sine qua non do estabelecimento de relações interpessoais, na medida em que cada indivíduo se encontra envolvido numa teia infinita de relações com muitos outros indivíduos.
De acordo com Del Prette (2007:219), é através da interdependência que o indivíduo se vai descobrindo a si próprio em conexão com o “outro”.